quarta-feira, 5 de maio de 2010

Culto a um Assassino

"O ódio como elemento da luta; ódio inabalável pelo inimigo, que impele o ser humano para além de suas limitações naturais, transformando-o numa máquina de matar, eficaz, violenta, seletiva e a sangue frio. É isso o que nossos soldados precisam se tornar..."

Sabe de quem é essa frase? Ela pode não ser muito conhecida, mas seu autor é. Parece coisa de Adolf Hitler, não? Ou de alguém muito parecido com ele, quem sabe. O texto que a contém foi escrito com todo cuidado (nada de “foi um momento de raiva...”), o autor era inteligente e ela não está “fora de contexto” – pelo contrário, o texto todo segue exatamente essa linha. Ela expressa o que ele de fato pensa e o que efetivamente demonstrou por seus atos durante toda sua vida. Ainda está difícil? Vou dar mais algumas pistas. Ao fim delas, você vai achar que o conteúdo da frase é pouco se comparado ao caráter de quem a escreveu...

Seu autor veio de classe média-alta e teve ótima educação. Bem cedo se uniu a movimentos radicais que buscavam o poder no estrangeiro e, com a desculpa de “impor a verdade” (da qual ele, claro, era o legítimo e iluminado portador), passou a usar a luta armada para atingir seus objetivos. Afeganistão? Bin Laden? Não; nem tão longe, nem tão recente.

Aproveitando-se de um movimento popular que queria, apenas, depor um governo corrupto, ele e seus partidários chegam ao poder e rapidamente impõem suas concepções radicais. Na luta interna de poder que se segue, nosso personagem acaba ficando com um papel “subalterno”: assassinar os dissidentes. Quem não concorda com o poder total dos novos donos do trono merece a morte – e é o autor da frase o encarregado de matar centenas de inocentes desarmados. Stalin? Lênin? Mao? Saddam Hussein? Não, nada tão óbvio.

Insatisfeito em ser apenas o mandante dos homicídios, ele determina pessoalmente os fuzilamentos – e, em boa parte dos casos, faz questão de estar presente e assistir às mortes. Há milhares de testemunhas relatando sua satisfação em presidir as execuções, algumas vezes sorrindo. Como médico de formação, tem um prazer sombrio e pervertido em assistir como os corpos dos inocentes reagem às intermináveis sessões de tortura que ocorrem nas prisões sob seu comando.

Sim, ele era médico. Joseph Mengele, então? Hum, ainda não, mas está esquentando.
Ainda não satisfeito, ele tem a “honra” de ser o criador dos campos de trabalho forçado no país que, agora, se tornou uma ditadura totalitária, sem limite algum. O país inteiro se transforma numa enorme senzala, o povo é reduzido à miséria absoluta e à condição de “máquinas de trabalhar” de propriedade do governo – cujo resultado mais explícito são, justamente, os campos de trabalho forçado, para orgulho de seu envaidecido criador.

Ainda está difícil?

A luta interna pelo poder (que agora é poder absoluto) se acirra, e nosso assassino/escravocrata sai derrotado. Em função disso, ele resolve tentar conseguir o poder em outro país estrangeiro – e dessa vez, escolhe um ainda mais pobre do que o anterior, certo de que isso tornará mais fácil manobrar as massas para que aceitem a luta armada.

Seu plano, dessa vez, é um fracasso total. Num um único habitante do seu “novo alvo” aceita ser bucha de canhão de seus sonhos totalitários. Capturado, demonstra uma enorme covardia; ele, sempre tão tranqüilo em mandar milhares de jovens para a morte, se borra de medo perante seus captores e implora por sua vida – mais uma grande semelhança com seu colega Hitler, que, diante do fim iminente, preferiu o caminho covarde de um suicídio indolor a ter de responder por seus atos.

Ah, agora ficou fácil, não é mesmo? Sim, esse assassino covarde, que dedicou sua vida a criar um regime de escravidão total é Ernesto Guevara de La Serna, mais conhecido como Che Guevara. A forma como ele, Fidel Castro e seus comparsas transformaram uma revolução que originalmente era democrática num experimento socialista e totalitário é algo apavorante. Encastelado no poder com o cargo de procurador-geral, ele foi o responsável direto por centenas de fuzilamentos em múltiplas prisões (inclusive a primeira a promovê-los, a Fortaleza de São Carlos de La Cabaña).

Escravocrata convicto, ele foi o criador dos horrendos “campos de trabalho coletivo” (campos de concentração com trabalho forçado, sendo os primeiros na península de Guanaha. Até hoje, esses campos são um dos piores pesadelos do povo cubano). A frase que inicia este texto é parte da Mensaje a los Pueblos Del Mundo, seu famoso manifesto em que pede “dois, três, cem Vietnams”.

Tendo perdido a disputa de poder para Fidel Castro, foi tentar ser dono de sua própria ditadura na Bolívia, onde – como dito – nem um único boliviano seguiu seus sonhos de tirania. Capturado, o assassino frio demonstra um enorme medo da morte – por se tratar da sua própria, claro, e implora pela vida com a frase famosa: “por favor, não me matem... Eu sou Che Guevara, tenho mais valor vivo do que morto...” Além de covarde, egocêntrico!...

Como um monstro desses pode ter sido eleito à categoria de ídolo da juventude? Como alguém que criou um regime que exigia obediência absoluta vira sinônimo de “rebeldia”? Como um tirano escravocrata se torna “herói libertário” no imaginário das pessoas?

Eu não sei a resposta.

Muita propaganda, claro; muita doutrinação socialista, claro também, desde sempre; muita falta de informação por parte de quem veste a famosa camiseta, é óbvio; mas isso só não explica. Há algo de mais profundo na transformação do assassino em mito que precisa se estudado em profundidade. Claro que Hitler e Stalin até hoje também têm seus seguidores, mas nada que se compare à escala de “mito moderno” a que chega o Comandante Assassino (como se referem os sobreviventes e familiares das vítimas).

O mais próximo que eu já consegui de uma resposta, que foi obtida de seus próprios seguidores, é que “Che foi um idealista, que morreu por seus ideais”. Ora, se é esse o motivo, então eles deveriam prestar culto também a Hitler, outro socialista que também morreu “por seus ideais” (insisto, ambos demonstrando idêntica covardia na hora de “morrer pelos ideais” e ambos partilhando “ideais” coletivistas bastante semelhantes).

Alguém tem alguma teoria? Eu não tenho. Eu só fico horrorizado de ver esse sujeito ser alçado à condição de “herói”, mas não consigo explicar tal coisa.

Alguém consegue?