A Invasão da Ditadura Putin contra a
Ucrânia
Tenho visto muita gente, de boa fé,
acreditando nas maiores barbaridades sobre a invasão da Ucrânia. Então, bem
resumidamente, vamos explicar um pouco as coisas.
O imperialismo russo de hoje é descendente
direto do imperialismo soviético. Se você não entender isso, não entende
absolutamente mais nada. Depois que os bolcheviques tomaram o poder na Rússia,
fizeram o que socialistas fazem melhor: um gigantesco aparato militar para
opressão interna e um gigantesco aparato militar para opressão externa – ou seja,
para invadir outros países. E assim, um a um, foram invadindo, dominando e
“incorporando” países menores e mais fracos, com a imposição à força do regime
socialista. Isso é o básico sobre o nascimento da União Soviética.
Como disse Ayn Rand, países livres vivem
da produção, enquanto países autoritários vivem do saque (com uma ampla
variação de um extremo ao outro). Países socialistas, dado o desastre que geram
na própria economia, dependem diretamente ou do saque puro e simples, ou
descambam para o trabalho escravo (e é incrível ver como ainda hoje há quem
diga que o nacional-socialismo de Hitler “consertou” a economia da Alemanha). A
alternativa é definhar na miséria, quando não conseguem saquear mais ninguém –
como se vê nos casos desesperadores de Cuba, Coréia do Norte e Venezuela.
Não é surpresa nenhuma que o colapso da
União Soviética se deu exatamente quando, pela primeira vez, a invasão e saque
de um país deu errado. É claro que o fracasso no Afeganistão não é a única
causa, mas é sem dúvida uma das mais relevantes.
Assim que ficaram livres do jugo
soviético, inúmeros países conseguiram estabelecer governos democráticos – e os
que puderam correram para a OTAN, e correram IMPLORANDO para nela ingressar. O motivo,
óbvio, era o medo muito real de serem DE NOVO subjugados pela Rússia.
Entenda, então, como é ridícula a alegação
de “expansionismo” da OTAN. A OTAN não “se expandiu” porque não invadiu
ninguém. Ao contrário do que fazia a União Soviética, foram esses países, agora
com governos democráticos, que IMPLORARAM para nela ingressar. Aliás, o ingresso da Ucrânia foi negado anos atrás por França e Alemanha; se tivesse sido aceito, nada disso estaria acontecendo.
Quem foi aceito não foi invadido:
Lituânia, Estônia, Eslováquia, Polônia, Tchéquia, Bulgária, Albânia... Países e
regiões mais ao centro da Ásia não tiveram a mesma sorte: Ossétia, Geórgia,
Tchechênia e Moldavia (na Transnistria) foram simples e diretamente INVADIDOS pela Rússia. E, depois destes,
finalmente a Criméia, parte do território soberano da Ucrânia, em 2014. Se você
realmente acha que o ataque à Ucrânia é legitimado pela “expansão da OTAN”,
pergunte, por favor, qual a opinião de um habitante de qualquer um desses
países a respeito disso.
Com o fim da União Soviética, houve um
plebiscito na Ucrânia e mais de 92% da população decidiu abandoná-la. Em 2004, Viktor Yanukovych
foi eleito de maneira fraudulenta, com ampla intimidação de eleitores e logo se
mostrou um servo da ditadura Putin. Isso gerou a revolta popular chamada de
Revolução Laranja. Os governos que se seguiram foram eleitos democraticamente
e, atendendo ao desejo do povo, cada vez mais distantes do domínio russo - Yanukovych,
ao se afastar dessa promessa, foi escorraçado na Revolução Maidan (aliás, não
deixe de assistir o documentário “Winter of Fire”, disponível no Netflix).
A ditadura Putin (e não “a Rússia”, veja
bem a diferença) não aceita essa independência. Não é “a Rússia” que fica sob
ameaça se a Ucrânia for livre; é, claro, somente o imperialismo russo sob
Putin.
Como disse o embaixador da Ucrânia na ONU,
a luta de seu povo não é apenas pela sua própria liberdade. Eles estão lutando
pela liberdade do mundo inteiro.