Escola Sem Partido – Depoimento
Prezados,
Acompanho e admiro o
trabalho do Escola Sem Partido há muito tempo. Acredito que, no longo prazo, a
luta pelo fim da doutrinação nas salas de aula é o que de mais importante pode
haver para impedirmos que o Brasil afunde no totalitarismo.
Claro, parte da
estratégia de quem pratica lavagem cerebral contra crianças é ou dizer que isso
não existe, ou tentar minimizar a prática.
Eu sou a prova viva de
que eles mentem. Para quem viveu a
doutrinação, chega a ser patético ouvir que isso “não existe”, ou que “não é
tão grave”, ou que “é questão de opinião”.
Este é o meu depoimento.
Estudei o que na época se
chamava “primário” em escola pública, em meados dos anos 70, e a partir do
“ginásio” num colégio de padres jesuítas. A “Teologia da Libertação” fazia com
que os dirigentes do colégio considerassem questão de fé a doutrinação marxista
desde o mais cedo possível. Os professores, por sua vez, eles próprios também doutrinados
desde sabe-se lá quando, atendiam alegremente a exigência – e o nível do ensino
era bastante baixo, mas o nível de doutrinação era extremo. Não aprendíamos
nada além de “uma visão marxista” de
cada matéria, ao invés de a própria matéria.
Lembro-me bem que até as
aulas de matemática (sim, até elas!) eram moldadas com coisas como
“considerando-se um latifúndio improdutivo de x m2 invadido pelo MST, quantas
bravas famílias de sem-terra serão legitimamente contempladas...” Aula após
aula, dia após dia, ano após ano, nada escapava de um prisma marxista sobre todas as matérias. Todas, em tudo, o tempo
todo. E ai daquele que não repetisse o discurso oficial!
“As Veias Abertas da
América Latina” e “História da Riqueza do Homem” eram os livros básicos e
onipresentes de história e geografia, e nenhuma fonte “não autorizada” era
admitida. Mais do que isso: esses livros também eram usados para literatura,
interpretação de texto, atividades extra-classe, tudo. Os próprios manuais
dessas disciplinas eram também tão “engajados” quanto. A vulgata marxista era o
começo, meio e fim de todo o processo de ensino.
O uso da autoridade na imposição de idéias era a tônica: ensinava-se
o marxismo como sendo uma verdade científica
e incontestável, ao mesmo nível de “científica e incontestável” conferido à
lei da gravidade do professor anterior, como da reação química explicada pelo
professor que viria depois; e, claro, quem não fizesse a reprodução fiel do
discurso ensinado era não apenas discriminado e ridicularizado, mas ameaçado ou
efetivamente reprovado.
Salvo casos muito
excepcionais, não há criança que consiga se proteger disso. Esse processo de
moer cérebros é pavoroso, mas eficiente: a grande maioria sairá dele como
militante autômato, com pouca ou nenhuma capacidade de raciocínio crítico. Há,
hoje, milhões de adultos-zumbis que, inteligentes em outros aspectos, comprovam
a validade da técnica em tudo que se relaciona a política ou economia.
Foram anos difíceis,
sempre sob a ameaça de reprovação. Ainda assim, jamais serei grato o bastante a
Henry Maksoud e sua Revista Visão, que adquiri o hábito de ler bem antes de ser
submetido ao moedor de cérebros – e que me mostrou o mundo sob a óptica das
idéias da liberdade, da pluralidade de pensamentos, do uso efetivo do
raciocínio sobre questões sociais (sim, acredito que vai haver gente desonesta
o bastante para comparar a “leitura de textos que encontrei por conta própria”
com a doutrinação que descrevo). Boa parte dos meus colegas não teve a mesma
sorte e, ainda que a realidade comprove os erros e os absurdos diariamente,
continuam até hoje acreditando no discurso dos doutrinadores escravocratas
quase com a mesma fé que acreditam na gravidade ou na classificação ácido/base.
Isso não é uma opinião,
não é uma hipótese, não é uma teoria. Isso são FATOS. Isso foi minha vida.
Estou aqui para contar a quem queira ouvir.
R. Ives Braghittoni
Bacharel, mestre e doutor
em Direito
Advogado e professor
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