segunda-feira, 3 de outubro de 2022

O Segundo Turno de 2022

 


O maior escândalo de corrupção da história humana. 

Na verdade, os dois maiores: Mensalão e Petrolão. 

O uso do dinheiro desses escândalos para destruição da democracia, com compra de parlamentares, quebra da separação de poderes e aprovação de pautas que aumentassem ainda mais seu poder. 

Aparelhamento escancarado de todas as instituições, também com vistas a perpetuação no poder e derrocada da democracia. 

Destruição das bases da economia e, em consequência, a maior crise econômica da história brasileira (sim, pior do que 1929, que o choque do petróleo, que as crises dos governos militares, que o confisco do Collor). 

Expulsão de jornalistas, perseguição à imprensa não alinhada, compra de jornalistas com dinheiro de corrupção ("blogs sujos", como eles próprios se denominavam). 

Admiração aberta e declarada aos genocidas Hitler, Mao Tsé-Tung e Fidel Castro (a esse, até pessoalmente, várias vezes). 

Apoio escancarado e, pior ainda, uso de dinheiro do povo brasileiro para financiar as piores ditaduras do mundo. 

Uso do STF como um "tribunal privado" e, graças a ministros indicados por ele próprio, perversão de todas as regras mais básicas de Direito para fugir de condenações judiciais - e permitir, num claríssimo GOLPE, sua participação na eleição, ao invés de estar na cadeia. 

Não existe nada pior do que o lulo-petismo. 

Se eu tivesse de escolher entre o lulo-petismo e Belzebu, escolheria Belzebu sem nenhum medo de não estar optando pelo mal menor. 

Portanto, não, não vou anular meu voto. Recomendo que você pense bastante antes de anular o seu.


terça-feira, 1 de março de 2022

A Invasão da Ditadura Putin contra a Ucrânia

 


A Invasão da Ditadura Putin contra a Ucrânia

 

Tenho visto muita gente, de boa fé, acreditando nas maiores barbaridades sobre a invasão da Ucrânia. Então, bem resumidamente, vamos explicar um pouco as coisas.

 

O imperialismo russo de hoje é descendente direto do imperialismo soviético. Se você não entender isso, não entende absolutamente mais nada. Depois que os bolcheviques tomaram o poder na Rússia, fizeram o que socialistas fazem melhor: um gigantesco aparato militar para opressão interna e um gigantesco aparato militar para opressão externa – ou seja, para invadir outros países. E assim, um a um, foram invadindo, dominando e “incorporando” países menores e mais fracos, com a imposição à força do regime socialista. Isso é o básico sobre o nascimento da União Soviética.

 

Como disse Ayn Rand, países livres vivem da produção, enquanto países autoritários vivem do saque (com uma ampla variação de um extremo ao outro). Países socialistas, dado o desastre que geram na própria economia, dependem diretamente ou do saque puro e simples, ou descambam para o trabalho escravo (e é incrível ver como ainda hoje há quem diga que o nacional-socialismo de Hitler “consertou” a economia da Alemanha). A alternativa é definhar na miséria, quando não conseguem saquear mais ninguém – como se vê nos casos desesperadores de Cuba, Coréia do Norte e Venezuela.

 

Não é surpresa nenhuma que o colapso da União Soviética se deu exatamente quando, pela primeira vez, a invasão e saque de um país deu errado. É claro que o fracasso no Afeganistão não é a única causa, mas é sem dúvida uma das mais relevantes.

 

Assim que ficaram livres do jugo soviético, inúmeros países conseguiram estabelecer governos democráticos – e os que puderam correram para a OTAN, e correram IMPLORANDO para nela ingressar. O motivo, óbvio, era o medo muito real de serem DE NOVO subjugados pela Rússia.

 

Entenda, então, como é ridícula a alegação de “expansionismo” da OTAN. A OTAN não “se expandiu” porque não invadiu ninguém. Ao contrário do que fazia a União Soviética, foram esses países, agora com governos democráticos, que IMPLORARAM para nela ingressar. Aliás, o ingresso da Ucrânia foi negado anos atrás por França e Alemanha; se tivesse sido aceito, nada disso estaria acontecendo. 

 

Quem foi aceito não foi invadido: Lituânia, Estônia, Eslováquia, Polônia, Tchéquia, Bulgária, Albânia... Países e regiões mais ao centro da Ásia não tiveram a mesma sorte: Ossétia, Geórgia, Tchechênia e Moldavia (na Transnistria) foram simples e diretamente INVADIDOS pela Rússia. E, depois destes, finalmente a Criméia, parte do território soberano da Ucrânia, em 2014. Se você realmente acha que o ataque à Ucrânia é legitimado pela “expansão da OTAN”, pergunte, por favor, qual a opinião de um habitante de qualquer um desses países  a respeito disso.

 

Com o fim da União Soviética, houve um plebiscito na Ucrânia e mais de 92% da população decidiu abandoná-la. Em 2004, Viktor Yanukovych foi eleito de maneira fraudulenta, com ampla intimidação de eleitores e logo se mostrou um servo da ditadura Putin. Isso gerou a revolta popular chamada de Revolução Laranja. Os governos que se seguiram foram eleitos democraticamente e, atendendo ao desejo do povo, cada vez mais distantes do domínio russo - Yanukovych, ao se afastar dessa promessa, foi escorraçado na Revolução Maidan (aliás, não deixe de assistir o documentário “Winter of Fire”, disponível no Netflix).

 

A ditadura Putin (e não “a Rússia”, veja bem a diferença) não aceita essa independência. Não é “a Rússia” que fica sob ameaça se a Ucrânia for livre; é, claro, somente o imperialismo russo sob Putin.

 

Como disse o embaixador da Ucrânia na ONU, a luta de seu povo não é apenas pela sua própria liberdade. Eles estão lutando pela liberdade do mundo inteiro. 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A Saída de Amoedo da Corrida Presidencial

 



Pensei bastante sobre a situação do NOVO e a saída de João Amoedo da disputa presidencial. Essa é a minha opinião a respeito.
É fácil não haver divergência quando se é um grupo pequeno, e especialmente fácil se idéias e ideais ainda não foram postos a prova. Quanto maior o partido fica, mais natural é que haja divergência. Isso é da regra do jogo. Em partidos realmente grandes, é normal até que haja não só correntes internas, mas dissidências mesmo (pense nos vários partidos “satélites” que surgiram de dentro do PT ou do DEM ao longo dos anos, apenas como exemplo). A unanimidade, que antes era quase natural, se torna utópica. Ainda mais natural é a divergência quando confrontados os integrantes com casos e disputas reais, como se dá com nossos deputados.
O Brasil tem uma dívida eterna com Amoedo. Ele é brilhante, incansável e certamente seria o melhor presidente que esse país já teve. Ao mesmo tempo, qualquer filiado teria todo direito de pretender ser candidato – você, eu, Mitraud, qualquer um. Isso não é “traição”, é democracia. É perfeitamente legítimo. Exigir unanimidade num grupo tão grande, mesmo com todos os seus outros méritos, demonstra falta de maturidade política.
O mais correto, então, seria o convite ter sido feito para o processo seletivo, ao invés de se atropelar tudo e já nomeá-lo como pré-candidato, certo? Penso que não. O certo seria não haver convite nenhum. O próprio convite mostra uma preferência que, se legítima, deveria se manifestar natural e somente durante o processo de escolha. Aliás, já passou a hora de mudarmos o estatuto para que o processo, também para os cargos majoritários, seja classificatório, não eletivo, e a palavra final seja deixada para os filiados em convenção (era assim na minuta de estatuto que eu redigi para o partido, lá no longínquo ano de 2014). Lembre-se: seria legítimo você querer ser candidato. Eu. Mitraud. Alguém. Qualquer um. Se você chama essa intenção legítima de “traição”, então perdemos em algum lugar o “partido de idéias, não de pessoas”. E digo isso mesmo concordando que seria merecidíssimo que Amoedo fosse nosso candidato, mas DEPOIS de passar pelo processo seletivo, igualzinho a qualquer outro que também quisesse.
Temos aqui, penso, mais um caso de “decisão de cima para baixo” que é o pior defeito do NOVO desde sempre. O ocorrido é só reflexo desse problema maior e mais antigo. Digo isso agora, dizia durante meus dois mandatos no Diretório Estadual, pelo jeito vou ter de continuar me repetindo por mais tempo. Pena: o NOVO é cheio de outras qualidades fantásticas. Mas, nesse aspecto, tenho mesmo de me repetir: parece que o filiado só é ouvido quando atrasa a mensalidade.
Quem fosse aclamado em assembléia uniria o partido. A idéia de que nem precisamos de assembléia nenhuma, nem sequer de seleção nenhuma (já que escolha em assembléia ainda não temos), que basta o João ser o pré-candidato fantástico que indubitavelmente é para que isso crie unanimidade, por mágica ou geração espontânea, é o que realmente está dividindo o partido.
Não concordo com tudo que nossos deputados fazem (eles mesmos discordam entre si às vezes, óbvio. É natural e saudável). Alguns são bem menos anti-bolsonaristas do que eu gostaria. Mas isso não justifica a postura de Amoedo de atacá-los, em público, dia sim e no outro também. Depois de mais de um ano fazendo isso com a bancada do próprio partido, parece quase insano pretender que houvesse unanimidade em seu favor. É, então, segundo penso, totalmente errada a interpretação de que houve “traição” a Amoedo ou, mais errada ainda, a de que houve uma vitória do “bolsonarismo dentro do partido”: alguém realmente consegue afirmar que o Mitraud é bolsonarista?... Aliás, se é para falar em “crítica”, o que dizer do bizarro apoio de Amoedo às piores barbaridades do STF?... Algum dos deputados chegou a fazer algo sequer próximo disso?...
Ronald Regan tinha uma frase de que gosto muito: “quem concorda em 80% com você é um amigo e um aliado, não 20% seu inimigo”. Não tenho intenção nenhuma de me desfiliar do partido que ajudei a criar. Vejo como positivo esse momento de reflexão, tanto para Amoedo como para todos os filiados. Espero que ele continue trabalhando pelo Brasil – talvez como candidato ao Senado no Rio, talvez como vice numa chapa de consenso pela terceira via (não, o estatuto não proíbe coligações). E espero que aprendamos a conviver com os 20% de divergência que temos entre nós, sob pena de não conseguirmos fazer nada em prol dos 80% em que concordamos.
Pode ser uma ilustração de uma ou mais pessoas
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sábado, 5 de agosto de 2017

Pacto Sagrado

Pacto Sagrado

Humanos e cães têm, juntos, uma história longa e fascinante. Não se sabe ao certo o tempo do início dessa amizade; alguns estudos falam de 18.000 anos atrás, outros de 33 a 35.000 anos, mas há até pesquisas baseadas em fósseis europeus que afirmam ser de incríveis 135.000 anos (nosso desconhecimento é tão grande na área que não se sabe sequer se esse início foi mesmo na Europa, ou se foi na Ásia). O que se tem certeza é que o cão foi o primeiro animal a ser domesticado, muitíssimo antes de qualquer outro – muito antes, até, do que o início da própria agricultura, considerado como o princípio da civilização, datado em alguma coisa entre 10 e 12 mil anos atrás.

Apesar disso, o “como” essa amizade nasceu é algo de que os pesquisadores têm uma noção razoavelmente clara. Os humanos, agrupados em clãs, sobreviviam da coleta e, especialmente, da caça. Apesar de não serem muito fortes ou muito rápidos comparados a outros animais, nem terem garras ou mandíbulas muito poderosas, esses caçadores primitivos tinham alguns trunfos que os tornavam particularmente bons. Sua pele era capaz de suar – o que significava que, graças à regulação da temperatura, podiam correr distâncias incrivelmente longas (os cães, por exemplo, só têm glândulas sudoríparas no ânus e na palmilha das patinhas. Sabia?). As presas, ainda que bem mais velozes, no geral não eram capazes de manter suas grandes velocidades por distâncias muito longas – e então nossos ancestrais maratonistas as abatiam, às vezes depois de horas de disputa, em estado de exaustão. Extremamente sociáveis, os humanos caçavam em equipe coesas e bem coordenadas; com inteligência sem paralelo, esses grupos planejavam emboscadas, se valiam do terreno (usando penhascos e estreitos) e criavam toda sorte de estratégia para maximizar o ganho (sim, “economia” existe desde sempre, milênios antes de se tornar uma disciplina formal). A falta de garras e mandíbulas grandes era também suprida com inteligência e engenho, que permitiam produzir ferramentas incríveis (tacapes, facas – de pedra, não de metal, óbvio – e lanças foram as primeiras, provavelmente nessa ordem).

Os lobos eram adversários dos humanos e, mais do que isso, competidores, disputando as mesmas presas. É certo que, exatamente por serem bons caçadores, os humanos produziam em seus acampamentos grandes quantidades de restos de caça; isso atraía predadores e, por certo também, o lobo dentre eles.

Aqui, em algum momento, algo mágico acontece. Os lobos, eternos inimigos dos humanos, aprendem (sim, essa é a palavra) que “perto dos humanos há comida”. Isso faz com que alguns lobos comecem a ir com mais freqüência aos acampamentos humanos... Mas somente lobos muito especiais.

Não se sabe ao certo o que ocorre nesse ponto. O mais provável é que os lobos mais medrosos simplesmente não façam isso, e que os lobos mais agressivos façam, mas acabem atacando os humanos (e, nisso, toda a suposta vantagem de “comida fácil” acaba aqui). Somente um tipo muito especial de lobo se aproxima, e volta outras vezes, e não ataca e não é atacado, e finalmente se torna um “freqüentador” da lixeira do acampamento humano: o lobo que, a um só tempo, é corajoso, mas é menos agressivo.

Esse lobo tão especial, com essas características de “corajoso mas menos agressivo”, é o avô de todos os cães que existem sobre a Terra.

E os cães herdaram essas características tão especiais desse avô.

Em algum momento, os humanos perceberam que aquele lobo em particular não iria atacar ninguém, e param de atirar pedras nele. Em algum momento, alguma criança do grupo acaba por atirar, ao invés de pedras, um pedaço de carne ou de osso para ele. Em alguma noite de especial cansaço, aquele lobo resolve dormir por ali mesmo, perto da lixeira, e nenhum humano o incomoda.

Em algum momento, algum dos humanos percebe que faro e audição do lobo são infinitamente melhores do que os dele próprio, e que o lobo tem o sono muitíssimo mais leve (provavelmente por ter evoluído em campo aberto e desprotegido, e não em árvores como nossos ancestrais pré-humanos); e que, por isso, ele é muito melhor do que nós para detectar a presença de predadores ou de humanos inimigos se aproximando.

Em algum momento, esse lobo está dormindo junto dos humanos, e não mais na lixeira.

Em algum momento (gerações, séculos, milênios, ninguém sabe), humanos e cães estão não só dormindo juntos à noite, mas também caçando juntos durante o dia, combinando as incríveis vantagens de cada espécie, que se complementam com tanta perfeição que parecem nascidas uma para a outra.

O lobo continuou a ser nosso inimigo ao longo dos milênios, mas aquele lobo especial se tornou o melhor amigo que jamais tivemos. Aquele lobo deixou de ser lobo e se tornou cão.

A mudança foi incrivelmente profunda. A própria genética do animal foi alterada; morfologia, alimentação, fisiologia, comportamento, praticamente tudo se alterou no cão para se adaptar aos seus amigos humanos.

Vários estudos afirmam que o nosso sucesso como espécie jamais teria sido tão grande se não fosse a ajuda incomparável dos cães. Nós transformamos os cães, mas eles foram parte fundamental do processo que nos transformou no que somos hoje.

Essas dezenas de milhares de anos de amizade profunda deixaram suas marcas. Análises de tomografia computadorizada provaram que os cães têm pelos donos o mesmo “tipo” de afeto que crianças têm pelos pais: quando vêem fotos ou sentem seu cheiro, são exatamente as mesmas áreas do cérebro que são ativadas num e noutro. Com nenhum outro animal “de estimação” ocorre isso. Sim, é como você já sabia: o cão vê os donos como seus “pais”!

Chimpanzés são muito mais inteligentes do que cães e têm incríveis 98% de seu DNA idêntico ao nosso. Ainda assim, testes comprovam que os cães entendem gestos, expressões faciais e até sentimentos humanos infinitamente melhor do que os chimpanzés.

Existe um estudo polêmico sobre cães que “sabem” o momento em que seus donos, a vários quilômetros de distância, estão saindo do trabalho e começando a volta para casa. As filmagens são realmente incríveis (procure no Youtube por Sheldrake, é emocionante). Ninguém sabe ainda se essa “telepatia” é real, muito menos como funciona, mas quem já teve um cão provavelmente concorda com a hipótese.

Há relatos tocantes de cães que, na Idade Média, abandonavam suas casas para correr ao encontro dos donos no meio do floresta, segundos antes de estes serem atacados por... Lobos. Sacrificando a própria vida, esses cães incríveis eram estraçalhados ao enfrentar, sozinhos, matilhas inteiras para que seus donos pudessem fugir em segurança. Seria o cheiro dos lobos? Algum ruído estranho, a vários quilômetros, que só o cão percebera? Como esse amigo fantástico “sabia” o que estava por acontecer com seu humano?...

Nós moldamos esse amigo adorável à nossa vontade. O fizemos carinhoso, meigo, carente até. O fizemos pequeno para caber em espaços confinados e até em bolsas, grande para intimidar invasores; em formato de salsicha para caçar em túneis, em formato de "galgo" para correr mais do que coelhos e abatê-los; com mordida suave para não estragar a caça recém-abatida, com mordida destruidora para ser nosso guarda-costas; com pernas curtas para caçar ratos em celeiros, com pernas longas para caçar em campo aberto; com focinho longo e olfato aprimorado para encontrar a caça, com focinho curto e mandíbula poderosa para nos proteger.

Nossa “moldagem” do cão foi tão profunda que, veja-se que exemplo curioso, cães pastores nunca atacam rebanhos, de nenhum tipo, mesmo que estejam famintos (e rebanhos são presa natural dos lobos). Mais incrível ainda, os cães pastores ficam extremamente nervosos apenas com o simples cheiro de um lobo. Sim, a amizade é tão profunda que o cão incorporou em seu DNA que deve proteger nossos rebanhos, ao invés de atacá-los; e, mais ainda, incorporou que ele é inimigo de seu próprio ancestral.

É ESSE o nível de amor e de “moldagem” que construímos ao longo dos milênios com esse nosso amigo de quatro patas.

Nós moldamos os cães ao nosso desejo e à nossa necessidade. E eles aceitaram tudo, inclusive essa enorme mudança em sua própria genética.

Até isso eles fizeram por nós.

O cão, no entanto, pagou um preço terrível por essa entrega sem limite aos seus amigos humanos. 

Ele perdeu a capacidade de sobreviver sozinho.

Para se amoldar à nossa conveniência, o cão perdeu praticamente tudo que o lobo tem para sobreviver na natureza.

É nisso que eu penso toda vez que vejo um cão abandonado. Nós o transformamos no que queríamos, fazendo com que, no processo, ele dependesse completamente de nós... E então nós o abandonamos, no frio e na sujeira, para que ele “se vire sozinho”. É esse o nível de traição que praticamos cada vez que abandonamos um desses nossos amigos.

É uma amizade de dezenas, talvez centenas de milhares de anos, que estamos desprezando. É um pacto sagrado que nós, como espécie, estamos vergonhosamente quebrando.

Pense nisso da próxima vez que vir um “cão de rua”... Lembre-se de que ele não “é” de rua, ele ESTÁ na rua porque eu, você, todos nós fizemos isso com ele. Nós violamos o pacto sagrado, traímos sua confiança e o deixamos sozinho.


Pense nisso. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Diários da Resistência - 13 de março de 2017





Diários da Resistência, 13 de março de 2017.

Não sei se alguém vai ler isso, mas quero registrar mesmo assim. Pode ser culpa, ou esperança, ou medo, chame como quiser. É difícil escrever no escuro, mas sair dos subterrâneos é perigoso demais. Hoje faz 3 meses da aprovação da (ai, meu Deus!) PEC do Fim do Mundo, então acho que devo isso a mim mesmo.

Um pouco de luz aqui ajudaria, mas mesmo acender uma vela é um risco excessivo. Os Tucanossauros, pavorosos vigias robóticos de tecnologia extra-terrestre, patrulham cada palmo aqui de Cotia. Os mais perigosos, claro, são aqueles com aparência de pterodátilo; eles têm a face do José Serra para serem ainda mais assustadores e gritam “quem assume é o Aéeeeecio!!!” quando despencam dos céus sobre suas vítimas. Só os esgotos ainda são seguros, mas há boatos de que, em São Paulo, já há Tucanossauros específicos para patrulhar esse último reduto da Resistência. Como fomos tolos em achar que o PSDB era praticamente igual ao PT! Ingênuos, nós os chamavam de “socialistas azuis”. Quem poderia adivinhar que eles estavam mancomunados com os reptilianos?

Temer-o-Temível, claro, é um desses reptilianos; parece até que é um dos chefes deles. Um dos líderes da resistência chegou a perguntar uma vez “ué, mas ele não era vice da Gilma Rocefe?...” Nunca mais foi visto. Tempos de desespero pedem medidas desesperadas.

Tento ser condescendente comigo mesmo. Achávamos, com base em séculos de história, com base na lógica e nos fatos, com base em TODOS os países bem-sucedidos no mundo, que o liberalismo era a saída, que a livre concorrência e o direito de propriedade deveriam ter respeito absoluto, que o estado precisava ser radicalmente diminuído. Como estávamos errados! Achávamos, suprema heresia, que a PEC do Fim do Mundo, na verdade, era muito pouco, ainda que fosse um bom começo. Afinal, ela não diminuía o estado; ela não diminuía o gasto do estado; ela nem ao menos impedia o estado de gastar mais do que arrecadava! Ela, APENAS, determinava que o gasto colossal do estado deveria ser igual ao do ano anterior, ainda que com várias exceções e ainda que com a correção da inflação.

Achávamos, nós idiotas, que isso na verdade adiantava pouco, porque é o próprio estado que tem o monopólio da moeda e o monopólio dos juros (sim, você consegue acreditar que eu, enfiado aqui nesse esgoto, vendo o mundo desmoronar enquanto fujo dos Tucanossauros, cheguei a acreditar que o BACEN deveria ser extinto?!?...), então o próprio estado determina quanto vai haver de inflação... Bom, mas achávamos que era um bom começo, que era melhor do que nada.

Bem, isso era o que achávamos. Só começamos a perceber que algo estava realmente errado quando os prédios começaram a derreter. Foi na Av. Paulista que começou, alguns dias depois da aprovação da PEC do Fim do Mundo, o horror que selaria nossos destinos: os prédios estavam derretendo diante de nossos olhos! Em menos de três dias, tudo que restava dos edifícios era o concreto liquefeito inundando as ruas. No quarto dia os polos magnéticos da Terra foram misteriosamente invertidos e, nesse processo, as tempestades solares (amplificadas pelos reptilianos, claro) fustigaram impiedosamente nosso planeta por várias horas. Muitos pereceram pela radiação; as plantações e os rebanhos foram devastados. Os mares começaram a evaporar na segunda semana, seguidos dos rios no mês seguinte. As terríveis máquinas de guerra dos invasores alienígenas destroem o pouco que ainda resta. Os líderes da Resistência não falam para não causar ainda mais pânico, mas todos sabem que até a rota da Terra foi alterada e estamos, neste exato momento, nos afastando do Sol e começando a mergulhar no espaço vazio. As únicas coisas que permanecem iguais e intocadas, óbvio, são o imposto sindical, o fundo partidário, o foro privilegiado e o fato de que o Lulla continua solto. (É mais fácil alterar a rotação do planeta do que mexer em qualquer uma dessas coisas, como até os reptilianos descobriram).

Como poderíamos imaginar que era a gastança alucinada do estado que impedia tudo isso? Como poderíamos saber que era com o estado criando dívidas impagáveis e gerando déficits absurdos para nossos filhos e netos que se evitava de prédios derreterem, do mar evaporar e da Terra se afastar do Sol?


Bem, nós deveríamos. Agora é tarde. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Meu Depoimento para o Escola Sem Partido

Segue o depoimento que mandei para o ESP. E eu sou só um entre milhões...

Escola Sem Partido – Depoimento


Prezados,
Acompanho e admiro o trabalho do Escola Sem Partido há muito tempo. Acredito que, no longo prazo, a luta pelo fim da doutrinação nas salas de aula é o que de mais importante pode haver para impedirmos que o Brasil afunde no totalitarismo.
Claro, parte da estratégia de quem pratica lavagem cerebral contra crianças é ou dizer que isso não existe, ou tentar minimizar a prática.
Eu sou a prova viva de que eles mentem. Para quem viveu a doutrinação, chega a ser patético ouvir que isso “não existe”, ou que “não é tão grave”, ou que “é questão de opinião”.
Este é o meu depoimento.
Estudei o que na época se chamava “primário” em escola pública, em meados dos anos 70, e a partir do “ginásio” num colégio de padres jesuítas. A “Teologia da Libertação” fazia com que os dirigentes do colégio considerassem questão de fé a doutrinação marxista desde o mais cedo possível. Os professores, por sua vez, eles próprios também doutrinados desde sabe-se lá quando, atendiam alegremente a exigência – e o nível do ensino era bastante baixo, mas o nível de doutrinação era extremo. Não aprendíamos nada além de “uma visão marxista” de cada matéria, ao invés de a própria matéria.
Lembro-me bem que até as aulas de matemática (sim, até elas!) eram moldadas com coisas como “considerando-se um latifúndio improdutivo de x m2 invadido pelo MST, quantas bravas famílias de sem-terra serão legitimamente contempladas...” Aula após aula, dia após dia, ano após ano, nada escapava de um prisma marxista sobre todas as matérias. Todas, em tudo, o tempo todo. E ai daquele que não repetisse o discurso oficial!
“As Veias Abertas da América Latina” e “História da Riqueza do Homem” eram os livros básicos e onipresentes de história e geografia, e nenhuma fonte “não autorizada” era admitida. Mais do que isso: esses livros também eram usados para literatura, interpretação de texto, atividades extra-classe, tudo. Os próprios manuais dessas disciplinas eram também tão “engajados” quanto. A vulgata marxista era o começo, meio e fim de todo o processo de ensino.
O uso da autoridade na imposição de idéias era a tônica: ensinava-se o marxismo como sendo uma verdade científica e incontestável, ao mesmo nível de “científica e incontestável” conferido à lei da gravidade do professor anterior, como da reação química explicada pelo professor que viria depois; e, claro, quem não fizesse a reprodução fiel do discurso ensinado era não apenas discriminado e ridicularizado, mas ameaçado ou efetivamente reprovado.
Salvo casos muito excepcionais, não há criança que consiga se proteger disso. Esse processo de moer cérebros é pavoroso, mas eficiente: a grande maioria sairá dele como militante autômato, com pouca ou nenhuma capacidade de raciocínio crítico. Há, hoje, milhões de adultos-zumbis que, inteligentes em outros aspectos, comprovam a validade da técnica em tudo que se relaciona a política ou economia.
Foram anos difíceis, sempre sob a ameaça de reprovação. Ainda assim, jamais serei grato o bastante a Henry Maksoud e sua Revista Visão, que adquiri o hábito de ler bem antes de ser submetido ao moedor de cérebros – e que me mostrou o mundo sob a óptica das idéias da liberdade, da pluralidade de pensamentos, do uso efetivo do raciocínio sobre questões sociais (sim, acredito que vai haver gente desonesta o bastante para comparar a “leitura de textos que encontrei por conta própria” com a doutrinação que descrevo). Boa parte dos meus colegas não teve a mesma sorte e, ainda que a realidade comprove os erros e os absurdos diariamente, continuam até hoje acreditando no discurso dos doutrinadores escravocratas quase com a mesma fé que acreditam na gravidade ou na classificação ácido/base.
Isso não é uma opinião, não é uma hipótese, não é uma teoria. Isso são FATOS. Isso foi minha vida. Estou aqui para contar a quem queira ouvir.


R. Ives Braghittoni
Bacharel, mestre e doutor em Direito

Advogado e professor

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Impedimento, renuncia e o caos que o PT criou

Estamos vivendo os dias imediatamente após as históricas manifestações de 15/03/15; apesar do esforço de alguns para desqualificar tanto os números quanto os próprios participantes, já se tem certeza de que foram as maiores manifestações populares da história do Brasil. Diferentemente do que ocorreu em junho de 2013, aqui havia uma pauta bem clara: protesto contra o PT, protesto contra o governo Dilma, protesto contra seu projeto bolivariano (coitado de Simon Bolívar, que era um liberal – olha no quê foram transformar seu nome!...) de poder a qualquer custo, protesto contra o estelionato eleitoral. Em função disso, e das inúmeras informações desencontradas sobre os aspectos jurídicos do “impeachment” que têm circulado, creio que cabem alguns esclarecimentos sobre a situação e sobre a lei.
Em 2013, havia uma insatisfação difusa, mal articulada, mas nem por isso menos legítima. O estopim, como se sabe, foram manifestações iniciadas pelo “Movimento Passe Livre”, um grupo controlado pelos partidos subalternos ao PT (PSOL, PCB e, em especial, PSTU – ainda que, veja-se a ironia, informem em seu site “não somos filiados a nenhum partido ou instituição”) cujo objetivo declarado era enfraquecer o governo estadual de São Paulo. O movimento se espalhou pelo país todo, de maneira incontrolável, e toda tentativa partidária de pautá-lo teve repúdio instantâneo (há múltiplos vídeos no Youtube mostrando isso – alguns não muito polidos mas bastante ilustrativos, em especial aquele em que há uma eloqüente rima para a sigla “PSTU”). O povo, quando tratava dos famosos “20 centavos”, estava na verdade protestando contra o persistente aumento da inflação, bem como contra a crise econômica que, desde ali, começava a dar sinais de quão grande seria.
Temos então o “Petrolão”, já considerado não apenas o maior caso de corrupção da história brasileira, mas o maior do mundo. Tanto os números quanto a desfaçatez dos envolvidos são estarrecedores. A Sra. Dilma Rousseff, como é sabido, foi presidente do conselho de administração da Petrobrás por longo período, inclusive “no que se refere” às denúncias mais importantes, feitas pelos próprios empreiteiros denunciados.
A Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/75) é muito clara a respeito (art. 138): o Conselho é, ao lado da diretoria, o responsável direto por sua administração, além de ter o dever de fiscalizá-la (arts. 138, 139 e, especialmente, 142). Já o estatuto social da própria Petrobrás não deixa dúvidas: seu artigo 17 determina expressamente que “a Petrobrás será dirigida por um Conselho de Administração, com funções deliberativas, e uma Diretoria Executiva”. Pretender, portanto, que a atual presidentA não tenha responsabilidade em tudo que ocorreu na empresa sob sua administração, ou mesmo que ela não soubesse que 88 BIlhões de reais tenham sido roubados, é atentar não só contra a inteligência do brasileiro, mas também contrariar a letra expressa da lei e do estatuto da Petrobrás.
Já o impedimento (“impeachment”) é disciplinado pela Constituição Federal (arts. 85 e 86) e por lei específica sobre o assunto (Lei 1.079/50). Em ambas as normas, fica evidenciado que somente o ato praticado durante o exercício da presidência pode justificar o “impeachment”. Ora, mas permitir a continuidade do “Petrolão” e ainda manter Graça Foster no cargo não caracteriza a continuidade do ilícito?...
Essa é, basicamente, a tese defendida pelo Professor Ives Gandra em seu parecer (link: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/02/1584267-ives-gandra-da-silva-martins-a-hipotese-de-culpa-para-o-impeachment.shtml ). Ali, o professor esclarece que houve crime de responsabilidade, já devidamente caracterizado, pelas hipóteses de culpa (negligência, imprudência, imperícia, omissão), independentemente de as investigações detectarem se houve ou não dolo. Diz ele: “como a própria presidente da República declarou que, se tivesse melhores informações, não teria aprovado o negócio de quase US$ 2 bilhões da refinaria de Pasadena (nos Estados Unidos), à evidência, restou demonstrada ou omissão, ou imperícia ou imprudência ou negligência, ao avaliar o negócio. E a insistência, no seu primeiro e segundo mandatos, em manter a mesma diretoria que levou à destruição da Petrobras está a demonstrar que a improbidade por culpa fica caracterizada, continuando de um mandato ao outro.”
A tese é polêmica e merece reflexão. O jurista Miguel Reale Jr., tão brilhante quanto insuspeito, discorda dela (veja aqui: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,renuncia-ja-imp-,1646272). Mas, dado o desastre da administração petista e seu escancarado envolvimento com o “Petrolão”, sugere outra saída: a renúncia.
A esse imbróglio, trago dois acréscimos: se comprovadas as denúncias do Sr. Barusco, de que a campanha presidencial contou com mais de 200 milhões de reais de dinheiro de corrupção, o caso não será de “impeachment”, mas de cassação da candidatura. É o que determina o artigo 30-A, § 2º, da Lei 9.504/97: “comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.” Entenda-se que não se trata, aqui, de impedimento da presidente, mas cassação da própria candidatura – e, por ser da candidatura, o vice-presidente seria cassado também. É hipótese que permanece no horizonte.
Mais ainda: a Lei 9.096/95, que é a lei dos partidos políticos, prevê, em seu art. 28, as hipóteses em que a Justiça Eleitoral deve cancelar o registro civil e o estatuto dos partidos. É minha opinião que o PT já deveria estar sendo investigado há muito tempo pelas suas conexões tanto como subalterno do Foro de São Paulo (incisos I e II) quanto como chefe da organização escancaradamente paramilitar chamada MST (que confessa, orgulhoso, ter até recebido treinamento militar das FARC – inciso IV). Afora isso, porém, se comprovadas as aludidas denúncias do Sr. Barusco, dentre outras feitas na investigação do “Petrolão”, o caso será de cassação do registro do PT pela alínea III do citado artigo. Se “deixar de prestar contas” à Justiça Eleitoral já justifica a cassação, que se dirá de usar do poder para desviar mais de 200 milhões de reais para uso em campanha eleitoral?...
Não há como saber o resultado das investigações, nem se alguma das hipóteses acima vai encurtar o mandato da Sra. Rousseff. O máximo que eu arriscaria seria dizer que absolutamente não acredito na hipótese de renúncia, em que a Sra. Rousseff iria abrir mão do poder em prol do bem do país: o credo do PT é o poder pelo poder – e uma vez entendido isso, percebe-se qual absurdo é pretender que haja ali alguma preocupação com “o bem do país”.
Mas isso tudo é, apenas, o curto e médio prazos.
A longo prazo, a questão é outra. O que realmente merece atenção não é o destino do mandato da Sra. Rousseff; a questão é que a crise econômica atual, muito mais do que a política, pode ter como efeito didático a demonstração do que os liberais sempre defenderam: as idéias do PT levam inexoravelmente ao desastre.
Isso é o fundamental. Não adianta a Sra. Rousseff ser impedida, ou mesmo cassada, se a seguir o povo eleger alguém com ideário semelhante. Seria trocar o elenco mas manter o roteiro. Por mais honesto que fosse o PT (desculpem, eu sei o quanto isso soa risível!...), por melhores que fossem suas intenções, nada mudaria o fato: estamos numa profunda crise econômica por causa, exclusivamente, do ideário que o PT defende no campo econômico.
Espero que isso fique cada vez mais claro na mente do público em geral. Espero que o brasileiro médio finalmente entenda que o que “tirou milhões da miséria” não foi o governo Lula, foi a situação internacional (estouro no preço das commodities, demanda da China, altíssima liquidez). E, para quem duvida, não precisa acreditar em mim: basta comparar o quanto a pobreza foi reduzida no Brasil com o quanto ela foi reduzida no resto do mundo, em especial em países com economia semelhante à nossa, nesse mesmo período. Isso vai deixar evidente que a pobreza no Brasil caiu apesar do governo do PT e não “graças” a ele. Independentemente do que ocorra na política, teremos anos terríveis pela frente em âmbito econômico; e, se esse fato fundamental – o receituário econômico do PT como origem e causa da crise – for entendido e compreendido pela maioria do povo (e é o que parecem mostrar as pesquisas de opinião, com aprovação do governo atual na casa de um dígito), então iremos sair dessa crise não apenas mais fortes, mas mais sábios para evitar que outra semelhante aconteça novamente.