quarta-feira, 1 de julho de 2009

Previsões para... 2008

Publicado por Braghittoni Ives em 25 Jan 2009 sob: Comportamento (editar)

Ano novo, vida nova! E com o ano-novo, chega também a enxurrada de “previsões” de como ele será, pelos mais variados oráculos. Nosso desejo de saber o futuro antes que ele chegue parece mesmo incontrolável.

Este ano, porém, vou propor uma coisa diferente. Que tal, ao invés de ver as previsões para o ano-novo, olhar para as previsões do ano velho?

Uma rápida consulta na internet mostra como foi a mesmíssima enxurrada, só que de um ano atrás… Vamos ver se há algo que se aproveite ali.

É o “ano do rato” no horóscopo chinês; vai ser um ano de “fartura duradoura”… Hum, parece que o rato não se saiu muito bem em prever a crise… Bom, o ano vai ser “regido por Marte” na astrologia tradicional. Marte, “deus da guerra”… Pois é, só que a determinação que a astrologia faz para o que chama de “alinhamento de planetas” (para dizer qual é o “regente”) é completamente aleatória. É tão aleatória que se utiliza da posição da Terra com relação ao céu como ele era há 2.000 anos, e hoje essa posição relativa é completamente diferente por causa do movimento de precessão do nosso planeta. O próprio nome do planeta, Marte, também é completamente aleatório, tanto quanto todos os outros. O planeta que hoje chamamos de Marte poderia se chamar Saturno, ou qualquer outro deus da mitologia romana… Ou até de alguma outra mitologia… Tá bom, é melhor pular a astrologia.

Já na numerologia, encontra-se várias vezes a seguinte preciosidade, com redações diferentes mas de sentido bem parecido: “considerado um ano de início de ciclo, 2008 será um ano para aprender coisas novas, crescer e explorar novas opções.” Nossa, que profundo isso, não? E mais essa: “no próximo ano, devemos nos desvencilhar da velha energia do ano anterior, que apenas terminou, como tinha que ser”. Nossa, sensacional!! O ano que terminou “apenas terminou, como tinha de ser”!! Que bom que ele não terminou e começou de novo!! O que iríamos fazer com os calendários usados, não é mesmo?

Hum… É, eu devo estar procurando no lugar errado. Ou isso, ou essas previsões são tão confiáveis quanto… A criatividade de quem as fez.

Façamos, então, o contrário – vamos partir dos fatos para as previsões. Alguém já sabia, com antecedência digna de oráculo, de algum dos fatos mais importantes que ocorram no ano passado?

Vejamos as eleições municipais… Não, nada. Não acho ninguém que tenha predito algo certo, em nenhuma capital – e nem eram tantas opções assim. As previsões são sempre tão genéricas, tão cheias de “faça isso bem feito, tome cuidado com aquilo”… Aliás, manifestações assim merecem mesmo o nome de “previsões”?… Tudo é tão genérico, e mesmo no genérico conseguem errar.
Vejamos a eleição de Barack Obama como candidato democrata… Não, só um “leitor de runas” americano diz que Hillary Clinton venceria. Ele tinha 50% de chance de acertar, e ainda assim conseguiu errar… Ninguém acertou quem seria o candidato democrata, muito menos que ele seria eleito presidente. Nada. Um “evento cósmico” desse tamanho, e nenhum vidente o viu? Mas que decepção!

E a crise econômica? Ah, essa até o mais míope dos paranormais teria de “sentir”!! Mas… Não, nada. Ninguém previu a crise. Aliás, as previsões dizem exatamente o contrário: de novo, é o “ano de Marte”, então seria um bom ano para “empreendedores” e para “correr riscos”… Ótimo ano para aplicar na Bolsa, então?… Ai, ai!!…

Bom, pelo menos que iríamos descobrir água em Marte algum astrólogo previu, certo? HUm, não? Nem isso?!? Mas era o “ano de Marte”!!… Assim não brinco mais, ora.
Renúncia de Fidel Castro. Concordata do Lehman Brother. Desfecho trágico do seqüestro de Eloá Cristina Pimentel. Compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil (essa teria sido ótima de saber com antecedência, não? Viram o quanto as ações subiram? Por que nenhuma dessas “previsões” me avisou disso?!?). Fusão de Unibanco e Itaú (essa também… Droga, que falta faz uma bola de cristal que funcione!!). Crescimento vertiginoso da economia dos EUA. Queda maior ainda da economia dos EUA quando estoura a crise do crédito imobiliário. Liberação pelo STF das pesquisas com células-tronco embrionárias. Qual desses fatos foi “previsto”? Nenhum. Nada, nada, NADA sobre isso foi dito nas “previsões”.

Então… Vendo como foram as “previsões” de 2008, vale mesmo a pena perder tempo com as “previsões” para 2009?

Vale, claro! Não vamos perder a chance, em 2010, de dar boas risadas com elas!… :-)

Não disse antes, porque não podia falar em felicidade enquanto escrevia sobre Gaza, mas ainda está em tempo: feliz ano-novo para todos. Paz, saúde e prosperidade!

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